DEU BANDEIRA VERMELHA E NÃO DEU PRAIA: O LANÇAMENTO DE ESGOTO NOS OCEANOS
>Autores: Yonara Garcia Borges Felipe, Mariana P. Haueisen, Raphaela A. Duarte Silveira, Thais R. Semprebom e Douglas F. Peiró
Você já reparou que algumas praias no litoral brasileiro possuem bandeiras vermelhas ou verdes indicando sua balneabilidade? Leia o artigo e informe-se como o despejo do esgoto no mar pode trazer importantes problemas para a saúde pública e para o ambiente marinho.
O despejo de esgotos sanitários no mar é um dos tipos de poluição aquática mais comuns em ambientes costeiros. Provenientes da água utilizada em residências, unidades comerciais e industriais, o esgoto sanitário é composto por aproximadamente 90% de água, acrescido de nutrientes (carbono orgânico total; séries nitrogenadas, principalmente na forma de amônia; fósforo, principalmente provenientes do uso de detergentes; entre outros), sólidos totais e diversos contaminantes como metais, hidrocarbonetos, pesticidas e outras substâncias potencialmente tóxicas. Além disso, o esgoto normalmente contém uma grande quantidade de microrganismos patógenos e não patógenos, como bactérias, vírus e fungos.
IMPACTOS AMBIENTAIS E SOCIOECONÔMICOS
Os compostos presentes no esgoto podem afetar de forma direta ou indireta o meio ambiente, gerando problemas ecológicos e sanitários para regiões costeiras. Dentre os possíveis impactos que estes componentes podem causar no ambiente marinho, vale ressaltar o enriquecimento das águas por nutrientes, principalmente o nitrogênio e fósforo, o que pode resultar num processo chamado de eutrofização. Este processo é caracterizado pelo crescimento excessivo de microalgas devido à maior disponibilidade de um ou mais fatores limitantes do crescimento fundamentais para a fotossíntese, como luz e nutrientes.
Dentre os problemas que a eutrofização pode causar podemos citar um fenômeno denominado “maré vermelha“. Esse termo popular surgiu devido à coloração avermelhada que a floração de certas microalgas produz na água. Esse fenômeno pode trazer sérias consequências, como em 2016 no Chile, onde este fenômeno provocou a morte de milhares de animais de diferentes espécies marinhas, tendo reflexo em diversos setores, principalmente nos setores pesqueiros e aquícolas. Outro exemplo ocorreu em 2007 na baía de Todos os Santos (BA), onde a floração da microalga Gymnodinium sanguineum resultou na morte de 50 toneladas de peixes e mariscos, fazendo com que a pesca fosse proibida até que o meio voltasse para condições adequadas, ou seja, que não oferecesse mais risco para a população.
Outro impacto gerado pelo lançamento de efluentes é a contaminação microbiológica, principalmente de origem fecal, que traz consequentes riscos para a saúde pública. Estes microrganismos podem acarretar uma série de doenças no ser humano como hepatite, disenterias, cólera e dermatoses.
COMO MINIMIZAR O IMPACTO?
Existem diversos outros impactos que o despejo do esgoto no mar pode gerar e todos eles levam à inviabilização de alguns usos dessas águas como a utilização por banhistas, atividades pesqueiras, entre outros, afetando também a preservação do equilíbrio ecológico nas regiões costeiras. A melhor solução para todos esses problemas é o investimento em saneamento básico, ou seja, tratamento adequado dos esgotos gerados pelos municípios costeiros.
Uma alternativa que tem sido adotada para disposição dos esgotos sanitários é a utilização de emissários submarinos, que são, basicamente, tubulações assentadas no fundo marinho, que transportam esses efluentes e lançam todo o esgoto em alto mar. O objetivo é descarregar os esgotos a uma distância considerável das praias, de forma que a movimentação da água auxilie na dispersão e não altere as condições das águas costeiras. O esgoto transportado por esses emissários, preferencialmente, deve passar por tratamento antes de ser lançado no mar. Entretanto, esta não é uma prática realizada por todos emissários municipais, o que pode gerar grandes prejuízos ao ambiente marinho, apesar de trazer benefícios para a qualidade das praias.
Outra alternativa utilizada pelos órgãos públicos para proteger a saúde da população é a avaliação periódica da qualidade de certas praias (principalmente as mais frequentadas) para verificar sua balneabilidade, ou seja, se está própria ou não para o uso dos banhistas. Estas avaliações são realizadas de acordo com a resolução CONAMA nº 274/2000, onde é regulamentada a concentração aceitável de microrganismos indicadores de contaminação fecal, a fim de não oferecer risco para as pessoas. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) possui um programa de monitoramento das praias do litoral paulista, que se iniciou na década de 1970 e, atualmente, avalia a balneabilidade em 174 pontos. Sete deles se localizam no Parque Estadual da Ilha Anchieta e os demais se distribuem em 150 praias das cerca de 300 existentes ao longo da costa paulista. O resultado das análises é publicado semanalmente em um boletim, o qual é divulgado para a imprensa e para diversos órgãos e entidades. Além disso, as bandeiras vermelhas e verdes, que indicam se a praia é imprópria ou própria, respectivamente, são atualizadas semanalmente, a partir da emissão do boletim.
Em janeiro de 2019, a partir das análises da CETESB, 30 das 97 praias do litoral norte de São Paulo estavam impróprias para os banhistas. Isso ocorre, principalmente, pelo número elevado de turistas que visitam o litoral nesta época do ano, refletindo no aumento do despejo do esgoto lançado ao mar. Para que haja uma mudança nesse quadro, é necessário dar uma maior importância ao despejo do esgoto no mar. Essa prática pode trazer sérias consequências a longo prazo, principalmente o efluente que é lançado sem nenhum tratamento prévio. É de extrema importância que haja sistemas de tratamento de todo o esgoto antes de seu lançamento em alto mar. Além disso, estas regiões devem estar sob monitoramento e estudo contínuos, a fim de assegurar a manutenção da qualidade da água, bem como minimizar os efeitos da poluição e, assim, garantir a conservação do ambiente marinho.
E você, que medidas individuais você acha que podem ser feitas para diminuir a poluição das águas costeiras? Deixe seu comentário!
BIBLIOGRAFIA
DE SOUZA ABESSA, Denis Moledo et al. Efeitos ambientais da disposição oceânica de esgotos por meio de emissários submarinos: uma revisão. Mundo da Saúde, p. 643-661, 2012.
FEITOSA, Renato Castiglia. Ocean outfalls as an alternative to minimizing risks to human and environmental health. Ciência & saúde coletiva, v. 22, n. 6, p. 2037-2048, 2017.
LAMPARELLI, Claudia Condé. Desafios para o Licenciamento e Monitoramento Ambiental de Emissários: a Experiência de São Paulo. In: LAMPARELLI, Claudia Condé; ORTIZ, Jayme Pinto. Emissários Submarinos: Projeto, Avaliação de Impacto Ambiental e Monitoramento. São Paulo: Centro de Editoração da Secretaria do Meio Ambiente, 2007. p. 11-24.
ORTIZ, Jayme Pinto; YANES, Jacqueline Pedrera; NETO, Antonio Braulio. Wastewater Marine Disposal through Outfalls on the coast of São Paulo State–Brazil: An overview. Revista DAE, v. 64, n. 204, p. 29-46, 2016.
ROTH, Florian et al. Impacts of a high-discharge submarine sewage outfall on water quality in the coastal zone of Salvador (Bahia, Brazil). Marine Pollution Bulletin, v. 106, n. 1-2, p. 43-48, 2016.
SUBTIL, Eduardo Lucas. Tratamento de águas residuárias utilizando emissários submarinos: avaliação do tipo de tratamento para uma disposição oceânica ambientalmente segura. 2012. 218f. Tese (Doutorado) – Curso de Engenharia Hidráulica e Ambiental, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3147/tde-12062013-170031/publico/Tese_Subtil_EduardoLucas.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2019.
FONTE SITE OFICIAL BIÓICOS. Disponível em <https://www.bioicos.com.br/> Acesso dia 30 de março de 2020.
Informações, Notícias e Fotos por: Instituto de Biologia Marinha Bióicos
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>Autores: Yonara Garcia Borges Felipe, Mariana P. Haueisen, Raphaela A. Duarte Silveira, Thais R. Semprebom e Douglas F. Peiró
Você já reparou que algumas praias no litoral brasileiro possuem bandeiras vermelhas ou verdes indicando sua balneabilidade? Leia o artigo e informe-se como o despejo do esgoto no mar pode trazer importantes problemas para a saúde pública e para o ambiente marinho.
O despejo de esgotos sanitários no mar é um dos tipos de poluição aquática mais comuns em ambientes costeiros. Provenientes da água utilizada em residências, unidades comerciais e industriais, o esgoto sanitário é composto por aproximadamente 90% de água, acrescido de nutrientes (carbono orgânico total; séries nitrogenadas, principalmente na forma de amônia; fósforo, principalmente provenientes do uso de detergentes; entre outros), sólidos totais e diversos contaminantes como metais, hidrocarbonetos, pesticidas e outras substâncias potencialmente tóxicas. Além disso, o esgoto normalmente contém uma grande quantidade de microrganismos patógenos e não patógenos, como bactérias, vírus e fungos.
IMPACTOS AMBIENTAIS E SOCIOECONÔMICOS
Os compostos presentes no esgoto podem afetar de forma direta ou indireta o meio ambiente, gerando problemas ecológicos e sanitários para regiões costeiras. Dentre os possíveis impactos que estes componentes podem causar no ambiente marinho, vale ressaltar o enriquecimento das águas por nutrientes, principalmente o nitrogênio e fósforo, o que pode resultar num processo chamado de eutrofização. Este processo é caracterizado pelo crescimento excessivo de microalgas devido à maior disponibilidade de um ou mais fatores limitantes do crescimento fundamentais para a fotossíntese, como luz e nutrientes.
Dentre os problemas que a eutrofização pode causar podemos citar um fenômeno denominado “maré vermelha“. Esse termo popular surgiu devido à coloração avermelhada que a floração de certas microalgas produz na água. Esse fenômeno pode trazer sérias consequências, como em 2016 no Chile, onde este fenômeno provocou a morte de milhares de animais de diferentes espécies marinhas, tendo reflexo em diversos setores, principalmente nos setores pesqueiros e aquícolas. Outro exemplo ocorreu em 2007 na baía de Todos os Santos (BA), onde a floração da microalga Gymnodinium sanguineum resultou na morte de 50 toneladas de peixes e mariscos, fazendo com que a pesca fosse proibida até que o meio voltasse para condições adequadas, ou seja, que não oferecesse mais risco para a população.
Outro impacto gerado pelo lançamento de efluentes é a contaminação microbiológica, principalmente de origem fecal, que traz consequentes riscos para a saúde pública. Estes microrganismos podem acarretar uma série de doenças no ser humano como hepatite, disenterias, cólera e dermatoses.
COMO MINIMIZAR O IMPACTO?
Existem diversos outros impactos que o despejo do esgoto no mar pode gerar e todos eles levam à inviabilização de alguns usos dessas águas como a utilização por banhistas, atividades pesqueiras, entre outros, afetando também a preservação do equilíbrio ecológico nas regiões costeiras. A melhor solução para todos esses problemas é o investimento em saneamento básico, ou seja, tratamento adequado dos esgotos gerados pelos municípios costeiros.
Uma alternativa que tem sido adotada para disposição dos esgotos sanitários é a utilização de emissários submarinos, que são, basicamente, tubulações assentadas no fundo marinho, que transportam esses efluentes e lançam todo o esgoto em alto mar. O objetivo é descarregar os esgotos a uma distância considerável das praias, de forma que a movimentação da água auxilie na dispersão e não altere as condições das águas costeiras. O esgoto transportado por esses emissários, preferencialmente, deve passar por tratamento antes de ser lançado no mar. Entretanto, esta não é uma prática realizada por todos emissários municipais, o que pode gerar grandes prejuízos ao ambiente marinho, apesar de trazer benefícios para a qualidade das praias.
Outra alternativa utilizada pelos órgãos públicos para proteger a saúde da população é a avaliação periódica da qualidade de certas praias (principalmente as mais frequentadas) para verificar sua balneabilidade, ou seja, se está própria ou não para o uso dos banhistas. Estas avaliações são realizadas de acordo com a resolução CONAMA nº 274/2000, onde é regulamentada a concentração aceitável de microrganismos indicadores de contaminação fecal, a fim de não oferecer risco para as pessoas. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) possui um programa de monitoramento das praias do litoral paulista, que se iniciou na década de 1970 e, atualmente, avalia a balneabilidade em 174 pontos. Sete deles se localizam no Parque Estadual da Ilha Anchieta e os demais se distribuem em 150 praias das cerca de 300 existentes ao longo da costa paulista. O resultado das análises é publicado semanalmente em um boletim, o qual é divulgado para a imprensa e para diversos órgãos e entidades. Além disso, as bandeiras vermelhas e verdes, que indicam se a praia é imprópria ou própria, respectivamente, são atualizadas semanalmente, a partir da emissão do boletim.
Em janeiro de 2019, a partir das análises da CETESB, 30 das 97 praias do litoral norte de São Paulo estavam impróprias para os banhistas. Isso ocorre, principalmente, pelo número elevado de turistas que visitam o litoral nesta época do ano, refletindo no aumento do despejo do esgoto lançado ao mar. Para que haja uma mudança nesse quadro, é necessário dar uma maior importância ao despejo do esgoto no mar. Essa prática pode trazer sérias consequências a longo prazo, principalmente o efluente que é lançado sem nenhum tratamento prévio. É de extrema importância que haja sistemas de tratamento de todo o esgoto antes de seu lançamento em alto mar. Além disso, estas regiões devem estar sob monitoramento e estudo contínuos, a fim de assegurar a manutenção da qualidade da água, bem como minimizar os efeitos da poluição e, assim, garantir a conservação do ambiente marinho.
E você, que medidas individuais você acha que podem ser feitas para diminuir a poluição das águas costeiras? Deixe seu comentário!
BIBLIOGRAFIA
DE SOUZA ABESSA, Denis Moledo et al. Efeitos ambientais da disposição oceânica de esgotos por meio de emissários submarinos: uma revisão. Mundo da Saúde, p. 643-661, 2012.
FEITOSA, Renato Castiglia. Ocean outfalls as an alternative to minimizing risks to human and environmental health. Ciência & saúde coletiva, v. 22, n. 6, p. 2037-2048, 2017.
LAMPARELLI, Claudia Condé. Desafios para o Licenciamento e Monitoramento Ambiental de Emissários: a Experiência de São Paulo. In: LAMPARELLI, Claudia Condé; ORTIZ, Jayme Pinto. Emissários Submarinos: Projeto, Avaliação de Impacto Ambiental e Monitoramento. São Paulo: Centro de Editoração da Secretaria do Meio Ambiente, 2007. p. 11-24.
ORTIZ, Jayme Pinto; YANES, Jacqueline Pedrera; NETO, Antonio Braulio. Wastewater Marine Disposal through Outfalls on the coast of São Paulo State–Brazil: An overview. Revista DAE, v. 64, n. 204, p. 29-46, 2016.
ROTH, Florian et al. Impacts of a high-discharge submarine sewage outfall on water quality in the coastal zone of Salvador (Bahia, Brazil). Marine Pollution Bulletin, v. 106, n. 1-2, p. 43-48, 2016.
SUBTIL, Eduardo Lucas. Tratamento de águas residuárias utilizando emissários submarinos: avaliação do tipo de tratamento para uma disposição oceânica ambientalmente segura. 2012. 218f. Tese (Doutorado) – Curso de Engenharia Hidráulica e Ambiental, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3147/tde-12062013-170031/publico/Tese_Subtil_EduardoLucas.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2019.
FONTE SITE OFICIAL BIÓICOS. Disponível em <https://www.bioicos.com.br/> Acesso dia 30 de março de 2020.
Informações, Notícias e Fotos por: Instituto de Biologia Marinha Bióicos
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Os compostos presentes no esgoto podem afetar de forma direta ou indireta o meio ambiente, gerando problemas ecológicos e sanitários para regiões costeiras. Dentre os possíveis impactos que estes componentes podem causar no ambiente marinho, vale ressaltar o enriquecimento das águas por nutrientes, principalmente o nitrogênio e fósforo, o que pode resultar num processo chamado de eutrofização. Este processo é caracterizado pelo crescimento excessivo de microalgas devido à maior disponibilidade de um ou mais fatores limitantes do crescimento fundamentais para a fotossíntese, como luz e nutrientes.
Dentre os problemas que a eutrofização pode causar podemos citar um fenômeno denominado “maré vermelha“. Esse termo popular surgiu devido à coloração avermelhada que a floração de certas microalgas produz na água. Esse fenômeno pode trazer sérias consequências, como em 2016 no Chile, onde este fenômeno provocou a morte de milhares de animais de diferentes espécies marinhas, tendo reflexo em diversos setores, principalmente nos setores pesqueiros e aquícolas. Outro exemplo ocorreu em 2007 na baía de Todos os Santos (BA), onde a floração da microalga Gymnodinium sanguineum resultou na morte de 50 toneladas de peixes e mariscos, fazendo com que a pesca fosse proibida até que o meio voltasse para condições adequadas, ou seja, que não oferecesse mais risco para a população.
Outro impacto gerado pelo lançamento de efluentes é a contaminação microbiológica, principalmente de origem fecal, que traz consequentes riscos para a saúde pública. Estes microrganismos podem acarretar uma série de doenças no ser humano como hepatite, disenterias, cólera e dermatoses.
COMO MINIMIZAR O IMPACTO?
Existem diversos outros impactos que o despejo do esgoto no mar pode gerar e todos eles levam à inviabilização de alguns usos dessas águas como a utilização por banhistas, atividades pesqueiras, entre outros, afetando também a preservação do equilíbrio ecológico nas regiões costeiras. A melhor solução para todos esses problemas é o investimento em saneamento básico, ou seja, tratamento adequado dos esgotos gerados pelos municípios costeiros.
Uma alternativa que tem sido adotada para disposição dos esgotos sanitários é a utilização de emissários submarinos, que são, basicamente, tubulações assentadas no fundo marinho, que transportam esses efluentes e lançam todo o esgoto em alto mar. O objetivo é descarregar os esgotos a uma distância considerável das praias, de forma que a movimentação da água auxilie na dispersão e não altere as condições das águas costeiras. O esgoto transportado por esses emissários, preferencialmente, deve passar por tratamento antes de ser lançado no mar. Entretanto, esta não é uma prática realizada por todos emissários municipais, o que pode gerar grandes prejuízos ao ambiente marinho, apesar de trazer benefícios para a qualidade das praias.
Outra alternativa utilizada pelos órgãos públicos para proteger a saúde da população é a avaliação periódica da qualidade de certas praias (principalmente as mais frequentadas) para verificar sua balneabilidade, ou seja, se está própria ou não para o uso dos banhistas. Estas avaliações são realizadas de acordo com a resolução CONAMA nº 274/2000, onde é regulamentada a concentração aceitável de microrganismos indicadores de contaminação fecal, a fim de não oferecer risco para as pessoas. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) possui um programa de monitoramento das praias do litoral paulista, que se iniciou na década de 1970 e, atualmente, avalia a balneabilidade em 174 pontos. Sete deles se localizam no Parque Estadual da Ilha Anchieta e os demais se distribuem em 150 praias das cerca de 300 existentes ao longo da costa paulista. O resultado das análises é publicado semanalmente em um boletim, o qual é divulgado para a imprensa e para diversos órgãos e entidades. Além disso, as bandeiras vermelhas e verdes, que indicam se a praia é imprópria ou própria, respectivamente, são atualizadas semanalmente, a partir da emissão do boletim.
Em janeiro de 2019, a partir das análises da CETESB, 30 das 97 praias do litoral norte de São Paulo estavam impróprias para os banhistas. Isso ocorre, principalmente, pelo número elevado de turistas que visitam o litoral nesta época do ano, refletindo no aumento do despejo do esgoto lançado ao mar. Para que haja uma mudança nesse quadro, é necessário dar uma maior importância ao despejo do esgoto no mar. Essa prática pode trazer sérias consequências a longo prazo, principalmente o efluente que é lançado sem nenhum tratamento prévio. É de extrema importância que haja sistemas de tratamento de todo o esgoto antes de seu lançamento em alto mar. Além disso, estas regiões devem estar sob monitoramento e estudo contínuos, a fim de assegurar a manutenção da qualidade da água, bem como minimizar os efeitos da poluição e, assim, garantir a conservação do ambiente marinho.
E você, que medidas individuais você acha que podem ser feitas para diminuir a poluição das águas costeiras? Deixe seu comentário!
BIBLIOGRAFIA
DE SOUZA ABESSA, Denis Moledo et al. Efeitos ambientais da disposição oceânica de esgotos por meio de emissários submarinos: uma revisão. Mundo da Saúde, p. 643-661, 2012.
FEITOSA, Renato Castiglia. Ocean outfalls as an alternative to minimizing risks to human and environmental health. Ciência & saúde coletiva, v. 22, n. 6, p. 2037-2048, 2017.
LAMPARELLI, Claudia Condé. Desafios para o Licenciamento e Monitoramento Ambiental de Emissários: a Experiência de São Paulo. In: LAMPARELLI, Claudia Condé; ORTIZ, Jayme Pinto. Emissários Submarinos: Projeto, Avaliação de Impacto Ambiental e Monitoramento. São Paulo: Centro de Editoração da Secretaria do Meio Ambiente, 2007. p. 11-24.
ORTIZ, Jayme Pinto; YANES, Jacqueline Pedrera; NETO, Antonio Braulio. Wastewater Marine Disposal through Outfalls on the coast of São Paulo State–Brazil: An overview. Revista DAE, v. 64, n. 204, p. 29-46, 2016.
ROTH, Florian et al. Impacts of a high-discharge submarine sewage outfall on water quality in the coastal zone of Salvador (Bahia, Brazil). Marine Pollution Bulletin, v. 106, n. 1-2, p. 43-48, 2016.
SUBTIL, Eduardo Lucas. Tratamento de águas residuárias utilizando emissários submarinos: avaliação do tipo de tratamento para uma disposição oceânica ambientalmente segura. 2012. 218f. Tese (Doutorado) – Curso de Engenharia Hidráulica e Ambiental, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3147/tde-12062013-170031/publico/Tese_Subtil_EduardoLucas.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2019.
FONTE SITE OFICIAL BIÓICOS. Disponível em <https://www.bioicos.com.br/> Acesso dia 30 de março de 2020.
Informações, Notícias e Fotos por: Instituto de Biologia Marinha Bióicos
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Uma alternativa que tem sido adotada para disposição dos esgotos sanitários é a utilização de emissários submarinos, que são, basicamente, tubulações assentadas no fundo marinho, que transportam esses efluentes e lançam todo o esgoto em alto mar. O objetivo é descarregar os esgotos a uma distância considerável das praias, de forma que a movimentação da água auxilie na dispersão e não altere as condições das águas costeiras. O esgoto transportado por esses emissários, preferencialmente, deve passar por tratamento antes de ser lançado no mar. Entretanto, esta não é uma prática realizada por todos emissários municipais, o que pode gerar grandes prejuízos ao ambiente marinho, apesar de trazer benefícios para a qualidade das praias.
Outra alternativa utilizada pelos órgãos públicos para proteger a saúde da população é a avaliação periódica da qualidade de certas praias (principalmente as mais frequentadas) para verificar sua balneabilidade, ou seja, se está própria ou não para o uso dos banhistas. Estas avaliações são realizadas de acordo com a resolução CONAMA nº 274/2000, onde é regulamentada a concentração aceitável de microrganismos indicadores de contaminação fecal, a fim de não oferecer risco para as pessoas. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) possui um programa de monitoramento das praias do litoral paulista, que se iniciou na década de 1970 e, atualmente, avalia a balneabilidade em 174 pontos. Sete deles se localizam no Parque Estadual da Ilha Anchieta e os demais se distribuem em 150 praias das cerca de 300 existentes ao longo da costa paulista. O resultado das análises é publicado semanalmente em um boletim, o qual é divulgado para a imprensa e para diversos órgãos e entidades. Além disso, as bandeiras vermelhas e verdes, que indicam se a praia é imprópria ou própria, respectivamente, são atualizadas semanalmente, a partir da emissão do boletim.
Em janeiro de 2019, a partir das análises da CETESB, 30 das 97 praias do litoral norte de São Paulo estavam impróprias para os banhistas. Isso ocorre, principalmente, pelo número elevado de turistas que visitam o litoral nesta época do ano, refletindo no aumento do despejo do esgoto lançado ao mar. Para que haja uma mudança nesse quadro, é necessário dar uma maior importância ao despejo do esgoto no mar. Essa prática pode trazer sérias consequências a longo prazo, principalmente o efluente que é lançado sem nenhum tratamento prévio. É de extrema importância que haja sistemas de tratamento de todo o esgoto antes de seu lançamento em alto mar. Além disso, estas regiões devem estar sob monitoramento e estudo contínuos, a fim de assegurar a manutenção da qualidade da água, bem como minimizar os efeitos da poluição e, assim, garantir a conservação do ambiente marinho.
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BIBLIOGRAFIA
DE SOUZA ABESSA, Denis Moledo et al. Efeitos ambientais da disposição oceânica de esgotos por meio de emissários submarinos: uma revisão. Mundo da Saúde, p. 643-661, 2012.
FEITOSA, Renato Castiglia. Ocean outfalls as an alternative to minimizing risks to human and environmental health. Ciência & saúde coletiva, v. 22, n. 6, p. 2037-2048, 2017.
LAMPARELLI, Claudia Condé. Desafios para o Licenciamento e Monitoramento Ambiental de Emissários: a Experiência de São Paulo. In: LAMPARELLI, Claudia Condé; ORTIZ, Jayme Pinto. Emissários Submarinos: Projeto, Avaliação de Impacto Ambiental e Monitoramento. São Paulo: Centro de Editoração da Secretaria do Meio Ambiente, 2007. p. 11-24.
ORTIZ, Jayme Pinto; YANES, Jacqueline Pedrera; NETO, Antonio Braulio. Wastewater Marine Disposal through Outfalls on the coast of São Paulo State–Brazil: An overview. Revista DAE, v. 64, n. 204, p. 29-46, 2016.
ROTH, Florian et al. Impacts of a high-discharge submarine sewage outfall on water quality in the coastal zone of Salvador (Bahia, Brazil). Marine Pollution Bulletin, v. 106, n. 1-2, p. 43-48, 2016.
SUBTIL, Eduardo Lucas. Tratamento de águas residuárias utilizando emissários submarinos: avaliação do tipo de tratamento para uma disposição oceânica ambientalmente segura. 2012. 218f. Tese (Doutorado) – Curso de Engenharia Hidráulica e Ambiental, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3147/tde-12062013-170031/publico/Tese_Subtil_EduardoLucas.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2019.
FONTE SITE OFICIAL BIÓICOS. Disponível em <https://www.bioicos.com.br/> Acesso dia 30 de março de 2020.
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LAMPARELLI, Claudia Condé. Desafios para o Licenciamento e Monitoramento Ambiental de Emissários: a Experiência de São Paulo. In: LAMPARELLI, Claudia Condé; ORTIZ, Jayme Pinto. Emissários Submarinos: Projeto, Avaliação de Impacto Ambiental e Monitoramento. São Paulo: Centro de Editoração da Secretaria do Meio Ambiente, 2007. p. 11-24.
ORTIZ, Jayme Pinto; YANES, Jacqueline Pedrera; NETO, Antonio Braulio. Wastewater Marine Disposal through Outfalls on the coast of São Paulo State–Brazil: An overview. Revista DAE, v. 64, n. 204, p. 29-46, 2016.
ROTH, Florian et al. Impacts of a high-discharge submarine sewage outfall on water quality in the coastal zone of Salvador (Bahia, Brazil). Marine Pollution Bulletin, v. 106, n. 1-2, p. 43-48, 2016.
SUBTIL, Eduardo Lucas. Tratamento de águas residuárias utilizando emissários submarinos: avaliação do tipo de tratamento para uma disposição oceânica ambientalmente segura. 2012. 218f. Tese (Doutorado) – Curso de Engenharia Hidráulica e Ambiental, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3147/tde-12062013-170031/publico/Tese_Subtil_EduardoLucas.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2019.
FONTE SITE OFICIAL BIÓICOS. Disponível em <https://www.bioicos.com.br/> Acesso dia 30 de março de 2020.
Informações, Notícias e Fotos por: Instituto de Biologia Marinha Bióicos
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