Refletindo sobre o passado, o ano de 2002 mostrou-se emblemático em minha vida: um triste acontecimento alterou toda a rotina da família, trazendo dor e mudanças profundas. Meu marido veio a falecer e sobre meus ombros recaiu toda a responsabilidade de educar e manter nossos dois filhos então duas crianças respectivamente com nove e três anos. Morávamos em Foz do Iguaçu e eu trabalhava em uma empresa de turismo de aventura no Parque Nacional, amava meu trabalho em meia a natureza e tantas pessoas felizes que integravam nossa equipe e não pretendia atuar em outra área muito embora anteriormente houvesse trabalhado no ramo de hotelaria por nove anos. Decido então vir morar em Santa Catarina, por tratar-se de um Estado com menos criminalidade e com mais segurança e qualidade de vida para retomar minha vida e criar meus filhos. Vale dizer que em Foz do Iguaçu eu estava aterrorizada com os índices de violência e criminalidade, situação que ajudou a impulsionar minha decisão de mudança de domicílio.
Nesse segundo momento me apaixono pela cidade de Santo Amaro da Imperatriz, mais especificamente pelo mágico bairro de Caldas da Imperatriz, lugar que escolhi para viver. Sempre me recordo da sensação de paz e felicidade que tive ao me deparar pela primeira vez com a beleza do lugar, rico em natureza, de um povo e com ares de interior e uma história envolvendo a família imperial. O centro da cidade com sua praça onde todos socializam, sua igreja matriz imponente e sua boa organização urbana caprichosa me encantaram. Não bastasse todas essas boas impressões, logo descobriu potencial local para o turismo de aventura e a carência de mão de obra especializada; assim, com perseverança e desapego retomei minha vida profissional, agora sobre as águas do Rio Cubatão Sul.
Inicialmente havia tentado montar uma parceria com meu patrão, proprietário de uma empresa de rafting onde eu trabalhava de guia. Eu tinha ideias de renovação e a vontade de fazer a coisa certa, com segurança, honestidade e profissionalismo, entretanto não obtive respaldo, situação que me conduziu a montar meu próprio negócio.
Estruturei um café, pois já tinha percebido que o turismo de aventura aqui no estado era sazonal, e que havia deficiência na oferta de estabelecimentos voltados ao ramo de alimentação e gastronomia.O café permanece até os dias atuais e é referência na região para um bom papo regado a café expresso e tradicionais tortas, crepes e pizzas.
Paralelo ao café adquiri um bote de rafting para atender grupos pequenos. O café tinha movimento devido as famosas águas termais, situadas a 400 metros do meu ponto de venda, o que possibilitava certa regularidade de clientes no inverno. Aproveitei para recrutar clientes do café para fazer a atividade de rafting nas corredeiras do Rio Cubatão, fazendo uma divulgação ali mesmo, através de fotos e filmes, mostrando que todos podem divertir-se no rafting de forma segura e responsável.
Minha família achou uma loucura, pois na época o negócio de turismo de aventura confundia-se com esporte radical, logo algo arriscado, com a possibilidade de machucar as pessoas. Mas é totalmente diferente. Para que as pessoas entendessem este conceito de turismo, levei anos de trabalho e esclarecimentos, e evoluí junto a própria evolução da atividade,hoje atendo pessoas de todas as faixas etárias, famílias, crianças e idosos trabalhamos a partir do perfil do cliente e oferecendo o nível de atividade certa para cada grupo.
Por muitos anos – e até hoje – trabalho como uma formiguinha pois, na temporada de verão junto um capital que serve para investir na empresa e para ajudar nas despesas fixas durante o inverno. Trago comigo essa força de trabalho e a crença de que sempre devo seguir em frente, aumentando a cada ano minha estrutura, tanto de equipamentos como física. Na temporada chegamos a trabalhar com dez funcionários e no inverno reduzo para quatro.
Tenho uma vida simples, já que optei um trabalho sazonal – em termos – em uma região de turismo pouco explorada e muito pouco divulgada ainda que o potencial seja enorme.
Comecei tudo sem a mínima instrução de empreendedorismo e gestão, apenas com a vontade e necessidade de gerir meu próprio negócio.Ao passar dos anos fui aprendendo a organizar minhas finanças e organizando minha empresa, primeiramente trabalhando por puro instinto e aprendendo através de erros e acertos. Não podia contratar muitos profissionais então fazia tudo: administração, atendimento, compras, vendas e ainda trabalhava de guia. (Ainda hoje, em alta ou baixa temporada eu ponho a mão na massa! Acredito ser o trabalho sempre o melhor exemplo para quem me cerca).
Com o passar dos tempos consegui organizar minha vida para me profissionalizar ainda mais através de cursos e oficinas. Como os recursos financeiros sempre foram escassos, os cursos e encontros promovidos pelo Sebrae/SC foram de grande ajuda. Ali comecei meus primeiros passos na organização de minha empresa, aprendi quase tudo que sei, e aplico com sucesso todas as ferramentas que necessito, tanto na gestão como no marketing de minha empresa.
Nunca me arrependi nem por um instante da decisão que tomei de abrir meu negócio há treze anos. Não foi fácil no passado, tampouco hoje o é. Entretanto faço parte de uma rara parcela da humanidade que trabalha com prazer, desde o começo do dia até a noite. Meu trabalho completa minha vida, pois estou em meio a natureza proporcionando entretenimento e felicidade as pessoas. Pude estar junto aos meus filhos, os vi crescer em um lugar mágico e saudável.
Tenho orgulho da minha estrada até aqui e fico muitíssimo feliz quando recebo pedidos de estagiários de turismo – fato que é corriqueiro por aqui -para trabalharem conosco, além de guias de rafting do mundo inteiro que trabalham nas temporadas de verão e sempre observam que aqui é uma empresa saudável, honesta, feliz e legal de trabalhar!
Talvez o trajeto pudesse ter sido mais curto, ou mais fácil, mas por falta de capital e conhecimento encontrei algumas barreiras, todavia sigo em frente, fazendo as coisas funcionarem, e me orgulho disto, da minha capacidade e superação, de dar a volta por cima. Estou certa de que quero aprender muito mais e que hoje tenho condições de passar meus conhecimentos para quem desejar, pois são muitos os profissionais que aqui aprenderam o ofício do rafting, trabalhando hoje em várias partes do planeta!
Proporcionar para todos a experiência única de estar em lugares lindos, em meio a natureza preservada, para depois desfrutar de um café quentinho e uma tortinha, praticando o ócio aqui no pé do Tabuleiro, nas cercanias do Parque Estadual Serra do tabuleiro, é algo que me completa!
Tenho muito que aprender e crescer, esta é a “certeza” que trago comigo em todos os dias de minha existência. Sou livre para escolher meu caminho e fazer minha história!
Informações e Fotos por: Apuama Rafting
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